Felipe Talu é escritor de graffiti. Você não leu errado! É escritor mesmo, mas diferente do que um escritor faz, ele não conta histórias através de palavras, Talu conta histórias por meio das cores e das letras. Autodidata ele está entre os pioneiros da prática do grafite em Macaé onde mora no Rio de Janeiro. Começou a grafitar ainda na adolescência na década de 90, mas sua paixão pelas letras surgiu por volta dos anos 2000. O estilo Wild Style é um dos mais característicos nessa área, toda pessoa que começa a grafitar deseja dominar a técnica de criar letras originais em suas obras.
Desde o início de sua adolescência, Talu acompanhava o cenário do grafite através da pichação em aquelas artes em lugares completamente incomuns lhe encantavam, e após se envolver com alguns colegas da escola que desenhavam, envolver-se com essa arte foi natural. “Um dia vendo essas revistas de skate que continham alguns grafites, comecei a prestar mais atenção nas letras e me despertou algo como um objetivo, que aquilo ali era meu Norte, que para mim ser bom grafiteiro seria fazer algo parecido com aquelas letras aquele nível de técnica e aí comecei a estudar” disse.
Sua inspiração vem de inúmeras coisas, não conformista, Talu nunca está satisfeito com o que faz. “Quero sempre ser melhor do que eu fui ontem” contou. As ideias para ele surgem do dia-a-dia, desde uma combinação de cores legais que viu em um outdoor, alguma referência que notou na moda, todas as coisas ao seu redor lhe inspiram a rabiscar. Talu acredita que precisa continuar a levar para todos os cantos a força do graffiti wild style “Não posso deixar essa cultura morrer, preciso levar ele para onde eu for, para as favelas da minha cidade até as grandes metrópoles do mundo”.
Para seus trabalhos Talu utiliza as características do próprio graffiti raiz, tinha na parede. Mas dominar essa técnica não foi fácil para ele. “Como eu trabalho com muitos traços dominá-los, deixá-los precisos foi um trabalho árduo de concentração e perseverança, não foi de um dia para o outro, mas quando comecei a dominar a técnica foi uma satisfação imensa. Precisei controlar também a ansiedade, pois o spray vicia, ter controle sobre isso foi importante, valeu todos esses anos de estudos para dominar a ferramenta, hoje faço muita questão de utilizar o spray em quase 100% os meus trabalhos” falou.
Antes de começar um trabalho, ele costuma fazer muitos esboços para ter noção sobre a parede em que vai trabalhar, também recorre ao Corel Draw para criar alguns layouts que lhe ajudam no momento da criação. O que também lhe ajuda a criar é a música, apaixonado por reggae roots dos anos 70 e 80, mas também curte muito trabalhar ouvindo música brasileira, Tim maia, Jorge Bem, Cassiano, Nação Zumbi, Baiana System, Racionais com certeza estão na sua playlist para trabalhar.
Mas assim como tantos outros artistas, Talu não vive exclusivamente da sua arte, ele também trabalha em plataformas de petróleo na Bacia de Campos em Macaé, onde mora. “Eu trabalhei alguns anos da minha adolescência e juventude diretamente com graffiti, nesse tempo tive alguns desentendimentos que me desanimaram a trabalhar com a arte, os problemas que tive me fizeram ir para esse caminho do trabalho em plataformas petrolíferas”.
Apesar das dificuldades o grafite lhe trouxe coisas positivas em sua vida, a arte lhe ajudou a ter um convívio social muito melhor, despertou sua percepção sobre a vida, a convivência com as pessoas, sobre as diferenças e principalmente lhe fez perceber que o mundo precisa de cores, mas também de respeito, lhe fez conhecer lugares que jamais imaginou conhecer. A arte me fez procurar evoluir constantemente.
Talu deseja continuar evoluindo como artista, e que o wild style receba o valor que merece, e que os artistas que praticam as letras continuem crescendo no cenário atual. “Nossas conquistas virão com o trabalho, e eu sonho com o dia que não haja segregação dentro do grafite nem em lugar algum, que as pessoas saibam respeitar o espaço do outro e que o graffiti vire parte da história da humanidade” contou.
Participando de vários projetos importantes como as crews: ABL (Academia Brasileira de letras), CSL (Coletivo Só Letras), VL (Viciados em Letras), SNE (Sempre Na Evolução) já expôs seus trabalhos em vários estados do Brasil como, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espirito Santo, Rio Grande Do Sul, Paraná, Brasília, Goiás, Bahia, Pernambuco e alguns países da América do Sul e Europa. Talu já foi convidado para expor em países como Estados Unidos, Tailândia, Colômbia, Equador, Espanha. Hoje o escritor de graffiti, atua também como palestrante em faculdades e escolas levando um pouco da sua vivencia nas ruas como artista urbano.
Pedimos, como é de costume que Talu deixasse uma mensagem para nossos leitores, confira:
“O mundo não é um mar de rosas e as dificuldades vão aparecer sempre, seja centrado nos momentos ruins e acredite no seu potencial, acredite em você não ande de cabeça baixa, cada coisa que você fizer, faça o melhor que puder, mas faça com amor ele é o melhor ingrediente para tudo. Paz a todos”.
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Instagram : @felipetalu
Facebook : Felipe Talu
Site : felipetalugraffiti.com