Artista Robson Marques, 44 anos, de São Bernardo do Campo – SP, conhecido como “Melancia“, formado em Publicidade e Propaganda, grafiteiro desde Outubro de 2013, faz parte da “TBC The Brazilians Crew”, cresceu em uma oficina de funilaria e pintura e desde muito cedo teve contato com as tintas, pois influenciado pelo meu pai, pegou gosto pela arte.
Veja nossa entrevista com Robson Melancia :
1 – Todo mundo que acompanha seu trabalho deve ter a curiosidade de como surgiu seu interesse pela arte, você pode contar pra gente ?
Despertei grande interesse por arte com meu pai, Seu Laércio, ele foi pintor automotivo, e já na década de 80, personalizava carros, pintando desenhos incríveis com stencil. Essa veia artística veio dele com certeza.
2 – Quem ou quais circunstâncias te levaram a investir na arte ?
No graffiti (propriamente dito) foi bem engraçado, fui participar de um evento beneficente do Dia das Crianças, fui andar de skate, e um amigo que estava na organização, chegou até mim, perguntado se eu sabia pintar com spray, falei que não, que não conhecia as técnicas. Passado alguns minutos o DJ anunciou meu nome, dizendo que eu iria fazer um graffiti para as crianças verem. Me vi numa situação difícil, pois realmente não sabia pintar usando latas de spray. Me arrisquei e pintei um personagem horrível, que os presentes aplaudiram de dó (risos). Esse meu amigo me deu as latas que sobraram, e eu passei a “treinar” em casa. Foi quando me inscrevi em um evento promovido pela Rede Nami e Avon, com o nome Graffiti pelo fim da violência contra a mulher, que aconteceu em São Paulo. Tive o meu graffiti escolhido entre os demais e ganhei o direito de participar do evento final no Rio de Janeiro. Já no Rio de Janeiro o meu graffiti foi o escolhido entre os demais, e como premiação, ganhei muitas latas de spray, o que fez com que eu ficasse de vez no graffiti.
3 – Quais foram os maiores desafios e dificuldades como artista ?
Os desafios e dificuldades ainda estão presentes, pois boa parte da população ainda não reconhece o graffiti como arte e muito menos como profissão. A desvalorização e o desrespeito com os Artistas ainda é muito grande.
4 – Como foi a definição do estilo que você gostaria de trabalhar ?
Na verdade não tenho um estilo definido, pinto em vários estilos diferentes, pois o graffiti oferece essa condição, mas tenho estudado muito o realismo. Quero me aprimorar nessa técnica, acho sensacional poder reproduzir rostos com perfeição, usando latas de spray.
5 – De onde vem seu sopro de inspiração ?
Eu procuro minha inspiração nas pessoas, nas ruas, nos acontecimentos do cotidiano, nos problemas sociais e evidentemente de outros artistas. Sou fã do ASF, é nele que vejo o trabalho de vários artistas! Inspiração pura!!
6 – Quais artistas do cenário atual você admira ?
Como disse são vários os artistas que me inspiram, mas não poderia de citar alguns que fazem parte da minha história no graffiti: Anão (Santo André), Boné Graffiti, Del, Krusty, Molão, Mazola, JC (Curitiba), Spin, Fernando FND, Pakato Pessanha, Nilo Zack, Liam, Starley, Nandão (arte sem limites), Bemik, Os gêmeos, Eduardo Kobra, Mel Zabunov, e evidentemente em outros artistas.
7 – O que você ainda sonha em realizar com a sua arte ?
Uma exposição com trabalhos meus, pintar em mais alguns estados brasileiros, pintar a lateral de um prédio e principalmente ter mais respeito por parte da população.
8 – Quais foram as coisas boas, que a sua arte te trouxe ?
Muitas Amizades, boas experiências, muito aprendizado, viagens e principalmente minha realização pessoal, pois consigo fazer o que amo!!
9 – Se você não fosse artista, qual séria o plano b ?
Trabalharia como funileiro e pintor de veículos ou em uma agência de publicidade.
10 – Alguns artistas curtem ouvir músicas durante o processo criativo, com você funciona da mesma forma ? E na sua playlist o que não pode faltar ?
O que não pode faltar na Playlist: O Rappa, Raul Seixas, Charlie Brown Jr, The Doors, Janis Joplin, RUN DMC, Beatles, Luiz Gonzaga, etc.
11 – Deixe uma mensagem para os nossos leitores.
“O graffiti, além de expressão cultural, é uma arte que exige muita pesquisa, dedicação e talento na sua realização e por isso merece ser respeitado. Pra quem está começando ou quer começar a pintar: a rua é a melhor escola, participe dos eventos de graffiti e principalmente não tenham vergonha de perguntar, tirar suas dúvidas. Nada vem fácil, tudo é fruto de muito trabalho, esforço e dedicação. E para os grafiteiros: Vamos dar atenção e acolher quem está começando na arte, nada de estrelismo ! O graffiti é um aprendizado constante, ensinando também se aprende !”
Mais informações sobre Robson Melancia :
Instagram : @robsonmelancia
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