O artista Ricardo Cadol iniciou sua trajetória na Arte com a pixação nos anos 90, quando começou à observar os graffitis pela cidade e se identificou com aquela linguagem urbana. Depois de pintar nas ruas por um tempo, buscou conhecimento acadêmico a fim de adquirir mais conteúdo e buscar uma identidade artística. Ao conhecer os diversos estilos e movimentos artísticos e seus mestres, sua mente se abriu às possibilidades que a Arte proporciona. À partir daí experimentou diversas linguagens que norteiam seu trabalho até hoje.
Veja nossa entrevista com Ricardo Cadol :
1 – Todo mundo que acompanha seu trabalho deve ter a curiosidade de como surgiu seu interesse pela arte, você pode contar pra gente ?
Sempre gostei da escrita única da Pixação, mas quando vi o Graffiti do Rui Amaral no túnel da Avenida Paulista, eu disse: “É isso que eu quero fazer!”
2 – Quem ou quais circunstâncias te levaram a investir na arte ?
Desenho desde moleque e as coisas foram acontecendo, me sentia bem pintando na rua tendo contato com as pessoas e ser livre para criar.
3 – Quais foram os maiores desafios e dificuldades como artista ?
Nos anos 90, 2000 e poucos, pintar na rua não era tão aceito como é hoje. Os lugares para pintar na maioria das vezes era não autorizado. Fui por diversas vezes enquadrado pela polícia e meu material “confiscado”. O spray sempre foi caro, então a saída era o cal ou látex e rolinho. Andávamos muito, comia-se pouco (pão com mortadela e tubaína) e divertíamos sempre. Hoje as coisas melhoraram bastante, mas o preço do material ainda é uma dificuldade para desenvolver um trabalho bacana.
4 – Como foi a definição do estilo que você gostaria de trabalhar ?
Primeiro eu desenhava letras e depois parti para os personagens. Meu estilo eu não sei definir pois as fases são cíclicas. Ora me aprofundo no Surrealismo, outra na fase mais figurativa e direta, mas sempre há a figura humana e seu olhar sobre o mundo.
5 – De onde vem seu sopro de inspiração ?
Vem das cenas cotidianas, da geometria da cidade, das formas da natureza, das cores e seus tons. Tudo isso misturado às referências visuais da minha memória e é só soltar a mão para por o sonho no papel, na tela ou muro.
6 – Quais artistas do cenário atual você admira ?
Tenho o privilégio de conviver com muitos amigos artistas do graffiti, da tatuagem, da fotografia, da música, design, ilustração, etc…Felipe Urso, Fagner Dedoth, Vini Meio, Cláudio Primo, Yuri Sinzato, Tchago Martins, Lanone, Spinha, Rafa Calixto, Karine Guerra, Felipe Bit, Tiago Sales, Bia Marins, David Parise, Weggae, Eliefe, Rafael Grillo e tantos outros de igual admiração.
7 – O que você ainda sonha em realizar com a sua arte ?
Tenho o desejo de viajar pelo Brasil pintando nas comunidades, conhecendo pessoas, outras culturas e agrega-las à minha Arte. E quando tiver a oportunidade, tenho vontade de pintar a lateral de um prédio, que considero o auge da interação do artista com a cidade.
8 – Quais foram as coisas boas, que a sua arte te trouxe ?
Com certeza foram as amizades que fiz, os lugares que conheci, as experiências coletivas no desenvolvimento de projetos e o respeito e consideração que adquiri com outros artistas. Isso é muito gratificante.
9 – Se você não fosse artista, qual séria o plano b ?
Já fui baixista de uma banda de rock. Mas quando a banda acabou, desanimei e vendi meu Baixo. Acho que se a Pintura não fosse tão forte na minha vida, talvez eu continuasse tocando.
10 – Alguns artistas curtem ouvir músicas durante o processo criativo, com você funciona da mesma forma ? E na sua playlist o que não pode faltar ?
A música é parte importante no meu processo artístico. Sou eclético, na minha playlist toca desde rock ao samba de raiz, do reggae ao trip hop, do jazz ao brega e por ai vai.
11 – Deixe uma mensagem para os nossos leitores.
Gostaria de agradecer à ASF pelo belo trabalho junto aos artistas, aos amigos da PUB CREW por estarem sempre por perto e dizer que nós artistas temos um papel importante na sociedade. O papel de provocar o olhar, levando à reflexão. Um povo que pensa, será um povo difícil de ser enganado. Viva a Arte de todas as formas e todas as formas de Arte.
Mais informações sobre Ricardo Cadol :
Facebook : Ricardo Cadol
Instagram : @ricardocadol