Lucas Cassarotti foi criado em Franca, interior de São Paulo. Saiu de lá aos 20 anos e morou em alguns lugares do país em busca de vivências e aprendizados. Autodidata, ilustro no meio artístico há sete anos, mas só a três anos partiu para os muros. Descobriu seu gosto pela arte na última vez que visitou sua mãe. “Minha mãe separou algumas ilustrações que eu tinha feito quando criança, eu não lembrava. Havia carros, tênis, uns personagens em algumas situações do cotidiano, tudo isso num mesmo desenho de formas bem surreais. Era bem mais criativo do que sou hoje (risos). Mas foi aos vinte anos, quando saí de casa pra buscar vivências que me senti parte da cena artística e percebi meu papel dentro disso tudo e o quanto me fazia bem expressar tudo aquilo, que comecei a ilustrar de tudo e bastante” contou.
Dar início a uma carreira foi um desafio, Lucas não tinha a miníma ideia de onde começar, pois de onde veio não teve alguém pra compartilhar com ele. “As pessoas sempre segregaram conhecimento , então eu tive que fazer tudo na raça, e como a gente é de família muito humilde, demorei pra entrar nessa era digital, então meio que tudo isso ainda é novo pra mim, ainda estou em construção. Eu tenho superado isso tudo criando pensamentos críticos e reflexões junto de outros artistas sobre o cenário artístico e o quão importante é a união dentro desse meio” disse.
Segundo ele, olhar além do umbigo enche mais a barriga. Pensar em conjunto com quem quer mudar as coisas, com quem quer aprender, trocar, compartilhar e aprimorar o grupo, nunca o individual. Para ele é necessário dialogar junto da sociedade e desmistificar o artista. “Precisamos mostrar que não é dom, que é trabalho duro e estudo, que é uma profissão como qualquer outra, que é muito além de só fazer arte. Uma rede unida e conectada, é uma rede forte e verdadeiramente colaborativa para todos. E sempre lembrar que é a nossa obra que cria o mercado, e não o mercado que cria nossa obra, e não há obra sem artistas” acrescentou.
ESTILO E TÉCNICA
Lucas nunca conseguiu explicar bem seu estilo, porque nunca estudou arte e pintura. Hoje se dedico a duas formas de pintura: Em gamas de cores vibrantes, crio situações e críticas sociais através da confusão ou psicodelia, usando elementos urbanos, da natureza e pessoas de várias etnias, tudo isso em contraste. Sempre há uma leveza e algo bela em seus desenhos, mas também alguma crítica social. Por outro lado, criou um personagem minimalista sensível, que dialoga com um coração, nomeado Vagamundo.
O personagem nasceu de uma situação complicada “Estava em Florianópolis, apenas com tinta branca e preta e muita vontade de expressar aquilo que eu sentia. Vivências ou histórias e situações que pessoas me contavam pelas ruas, mas no fim, várias pessoas acabaram se sentindo como eu, sentindo-se parte daquilo também, e isso é bom porque gera um pensamento crítico ou algum tipo de sentimento em quem está observando“.
Como muralista, Lucas usa a técnica do pincel e látex ou acrílica. Por ser uma técnica mais acessível, na qual ele teve mais facilidade em dominar, ele a utiliza desde o começo, mesmo sabendo das suas limitações e do quanto precisa melhorar, ele admite ser uma pessoa esforçada. “Tive dificuldade desde o início, não tinha como pagar uma aula de pintura, e não tinha alguém pra me ensinar os primeiros passos, então fui pegando e fazendo, estudando, errando e aprendendo” confessou.
Seu processo de criação é complexo. Antes de tudo, ele ilustra à mão, com lápis, nanquim, ou o que der para usar. Começa por uma ideia inicial, uma história, um tema ou uma crítica. “Vou esboçando elementos que vão se encaixar com a ideia, depois quebro tudo isso em vários pedaços e vou encaixando de formas diferentes até dar uma boa composição. As vezes é confuso até pra mim” contou. No muro, ele vai mesclando corantes na tinta branca até dar o tom desejado. Tudo é feito na hora da criação. Lucas costuma usar a ambientação ao seu redor na hora de fazer as cores, isso lhe deixa mais imerso.
Perguntado sobre o que lhe inspira, Lucas revelou que sua maior inspirações para o seu trabalho são as pessoas simples, aquelas que acordam e vão pra luta.
OBJETIVOS, SONHOS E CONQUISTAS
Seu maior objetivo é ver a arte sendo valorizada em qualquer região. E pretende alcançar isso, trabalhando duro, estudando bastante para assim, ganhar um pouco mais para ajudar sua família. Além disso, Lucas tem sonhos que ainda não foram realizados. “Sonho em pintar prédios por aí, e levar mais oficinas de arte pra periferia da cidade onde eu cresci”.
A arte sempre lhe acrescentou muito, e ele é grato todos os dias à isso “A arte me trouxe boas amizades, mais humildade, me ensinou a ser paciente, e tem me feito encontrar o meu lugar e meu papel dentro da sociedade. Através da arte me encontrei como pessoa”.
Confira algumas dicas que Lucas Cassarotti deixou para nossos leitores:
- Pare de seguir modelos e influencers.
- Comece a seguir artistas, designers e escritores. Vá viver!
- Algumas coisas na sua vida vão mudar.
- Você será menos lembrado sobre as suas inseguranças.
- Você será mais lembrado sobre o que ama e sobre o que o ser humano é capaz de criar quando vive.
Obrigado à todos que acompanham, gostam e apoiam meu trabalho, se não fosse por vocês eu não estaria aqui. Nós por nós!
Mais informações sobre Lucas Cassarotti :
Instagram : @cassarottilucas
Facebook : Lucas Cassarotti
Fonte : arquivos pessoais do artista (instagram/facebook)