A artista Beatriz Meneses é natural de Porto Seguro na Bahia, mas mora no Rio de Janeiro desde os 3 anos. Destacando-se por seu trabalho com colagens, deu uma pausa na carreira como psicóloga para se dedicar nos últimos três anos, exclusivamente a arte. “A arte se faz presente na minha vida desde as primeiras lembranças de infância. Minha mãe sempre foi muito criativa e customizava toda a decoração da nossa casa, pintava caixas de madeira e as fronhas mais lindas que eu já vi, acho que herdei esse lado criativo dela” contou. Criativa desde muito cedo, seu talento para as artes manuais se destacou na escola, quando Beatriz se tornou referência para esse tipo de trabalho entre seus colegas. “Meu gosto pela arte sempre fluiu assim, de forma natural e espontânea” concluiu.
Mas foi através das colagens surreais onde ela se encontrou como artista, sua atração por todo tipo de arte surrealista facilitou essa paixão. Seus trabalhos são na maioria das vezes digitais com elementos do universo, astronomia, sagrado feminino e fotografias antigas. Sua emersão nesse mundo começou despretensiosamente, como um passatempo, até que as pessoas começaram a elogiar, compartilhar e a fazer encomendas. Foi assim que percebeu que a coisa era séria e que precisava se dedicar mais a isso. “Comecei a fazer colagens enquanto cursava a faculdade. Depois de formada fui levando as duas coisas por um tempo, consultório e arte. Hoje em dia dei um tempo da psicologia e estou me dedicando apenas a arte, estudando e criando cada vez mais. A arte é o que faz meu coração vibrar” disse ela.
Durante o processo de recomeçar sua carreira, Beatriz experimentou muitos tipos de colagens, pois achava que não tinha uma identidade visual, até que começou a perceber que algo se repetia em todas as suas crianções: o contraste entre cores muito escuras, principalmente preto, e as cores vibrantes e fortes. A questão do tempo também é muito presente na sua arte. “Utilizo o Photoshop pra criar a maioria dos meus trabalhos. Comecei de forma muito básica, utilizando somente as ferramentas de corte e sobreposição (a ideia era criar a colagem da mesma forma como eu faria se fosse a mão). Aos poucos fui abandonando essa ideia e me entregando as inúmeras possibilidade que o software oferece. Eu buscava tutoriais na internet pra conseguir fazer os efeitos que eu imaginava e passava horas tentando fazer uma única edição. Hoje eu me viro melhor, mas ainda não domino o programa completamente e muitas vezes ainda recorro aos tutoriais no YouTube”.
Seu desafio mais recente tem sido fazer colagens em peças de madeira, utilizando tintas para criar um fundo e a técnica de lambe pra aplicar as colagens na tela de madeira. Beatriz nos contou que nunca foi muito habilidosa com a pintura, mas tem se encontrado nas texturas e pinturas mais abstratas. Sua fonte de inspiração não é especifica. É mutável e pode ser despertada de formas muito diferentes. Geralmente vem de um sentimento, mas nem sempre. “Tem momentos em que quero apenas criar uma nova realidade, principalmente quando o clima tá muito tenso. Me transporto pra fora dos problemas através das colagens. Tem vezes em que surge uma colagem na cabeça, enquanto caminho pela cidade e aí anoto no meu caderninho de ideias pra produzir em um outro momento. Tudo me inspira. Depende do dia e do lugar que estou. Passo bastante tempo buscando imagens. Principalmente fotos antigas. Fico olhando as fotos, até que alguma me capture. Aí fica fácil, a imagem já se forma na minha mente e eu só tenho que colocar no papel/photoshop” contou. Produzir fica mais divertido com música, assim como muitos artistas, Beatriz acha que a música lhe ajuda a enriquecer a colagem, e o tempo parece passar mais rápido. Na sua playlist não pode faltar a artista Céu e muitas bandas de Trip Hop, Nu Jazz e Hip Hop instrumental.
Apesar de trabalhoso, suas obras despertam nas pessoas, principalmente nas mulheres, a sensação de identificação. Muitas dizem se conectar com a colagem de forma muito visceral. Mas nem tudo são flores, a pouca valorização da arte/artista por grande parte da população ainda é seu maior desafio.
“Pra muita gente, o artista é um vagabundo, e ser artista muitas vezes é visto como uma fase da vida que vai passar, assim que descobrirmos uma profissão melhor. Eu acho isso desanimador e luto pra não me deixar influenciar pela bad vibe. Procuro me aproximar de outros artistas, trocar experiências, ficar próximo de quem admira minha arte e continuo criando. Dou o meu melhor. Afinal, também tem muita gente que valoriza o trabalho dos artistas e eu prefiro focar nessas pessoas” confessou.
Independente dos empecilhos, fazer o que ama mexeu muito com sua capacidade adaptativa. O mundo criativo lhe apresenta uma imensidão de possibilidades nas mãos e nos recortes, e faz com que exercite seu ajustamento criativo. Observar o trabalho de outros artistas e trocar experiencias, também é muito enriquecedor, apegar-se a veia criativa lhe tornou mais observadora e empática com as outras pessoas. Hoje seu maior desejo, como todo artista, é ter seu trabalho reconhecido e consolidado. “Sou muito apaixonada por música e adoro fazer trabalhos relacionados a este universo. Fico muito feliz quando faço capa de CD ou poster pra banda. Adoraria realizar mais trabalhos como este e quem sabe ser conhecida como a artista que você procura quando quer ter uma arte foda pra sua banda“.
Confira a mensagem que ela deixou para nossos leitores: “Quero agradecer a todos que me apoiam, dos clientes aos amigos e familiares e também ao meu amor! A quem compartilha e valoriza minha arte na internet, obrigada!”
Mais informações sobre Beatriz Meneses:
Instagram: @beatrizmeneses0
Facebook: Colagem Beatriz Meneses
Site: beatrizmeneses.com
Fonte: arquivo pessoal da artista (instagram/facebook)