Jorge Carnevali Filho, 37 anos, nascido em São Paulo/Brasil, mais preciso bairro Mooca, Zona leste, mais conhecido como Jorge BTS começou sua história no grafite de rua em meados de 1999, em busca de fazer algo diferente que pudesse expressar os sentimentos e ideais que carregava consigo, optou em fazer letras no estilo Wild Style. Dono de traços retos e usando cores marcantes adquiriu com o tempo um estilo diferente, próprio e inovador, letras complexas e até abstratas, se destacando por traços retos e efeitos coloridos e detalhados.
Sendo assim hoje realiza trabalhos paralelos pra marcas, lojas, e criação de logotipos de marcas e comércios, com projetos pessoais já realizou trabalhos pra marcas conhecidas como Sony, HP, Motorola, Jeep entre outras, participou de grandes eventos de grafite pelo Brasil e países como Argentina, Chile e Paraguai.
Veja nossa entrevista a Jorge BTS abaixo :
1 – Todo mundo que acompanha seu trabalho deve ter a curiosidade de como surgiu seu interesse pela arte, você pode contar pra gente ?
Bom minha história na arte começou na escola mesmo, com 11 anos de idade, já me destacava nas aulas de Educação Artística, lembro que naquela época a professora dava aulas particulares a tarde depois do período da manhã e eu era o único aluno que ia, então através disso a professora começou a dar uma atenção melhor pra mim por já perceber que eu gostava muito de desenhar e tirava notas altas nessa matéria, aprendi muito com ela, era muito novo e ainda não sabia ao certo o que desejava pro meu futuro, mas já começava a pegar gosto pela arte .
2 – Quem ou quais circunstâncias te levaram a investir na arte como uma carreira a ser seguida ?
Na verdade não tive muito incentivo sempre fiz por vontade própria mesmo, e não foi uma coisa que planejei foi fluindo, acho que o principal incentivo mesmo foi dessa professora de arte mesmo senão fosse ela nem sei o que estaria fazendo agora. No começo disso tudo foi por lazer mesmo e vontade de desenhar com o tempo se tornou algo pessoal mesmo.
3 – E como foi esse primeiro passo em se encontrar como artista, quais foram os maiores desafios e dificuldades ?
Eu comecei na pichação isso já com 14 anos, fiquei um bom tempo até ter interesse por grafite, lembro que época tinha revistas de rap e saia em algumas páginas fotos de grafites, dali comecei a ver e achar interessante com o tempo comecei a ver nas ruas, como eu pichava anda por muitos bairros de São Paulo e no centro também, então comecei a ver alguns pela cidade e aquilo me encantou pensei comigo “vou fazer isso”…se descobrir foi questão de tempo, através desta revista comecei a perceber que eu gostava da caligrafia mas preciso a LETRA como chamamos, já com 18 anos começou a ser lançada nas bancas revistas só de grafite mesmo, lembro que eu comprava assim que saia e nessas revistas eram publicadas fotos de trabalhos de artistas nacionais e gringos, comecei a treinar no papel e dar continuidade na sigla que pixava que era BTS, só que agora no grafite comecei criar bombs, tags e throwups , algo mais simples e rápido, mas queria algo diferente, fiquei um bom tempo no papel treinando logo depois fui às ruas onde já via muito grafite e aos poucos fui me dedicando e saindo quase todos finais de semana pra pintar , como morava na Mooca na zona leste ia muito pro centro, lugares que gostava muito de ir e deixar minha arte, lembro que eu tinha uma bike daquelas cross rodava o centro todo a procura de muros pra pintar .
4 – Como foi a definição do estilo que você gostaria de trabalhar ?
Definição de estilo foi algo complicado, mas tinha um que me chamava muito atenção que é o estilo e letra chamado Wild Style, estilo de letra que mais artistas gringos faziam, e nessa época não tinha quase nada, então quis ir por esse caminho, comecei a treinar esse estilo, já estava pegando uma prática no bomb, pensei em criar algo muito diferente do que via nas revistas e nas ruas, algo com formas geométricas, retas e muito complexo com efeitos e combinações de cores diferenciadas, não queria algo comum fui em busca de algo com destaque e original, com o tempo consegui criar uma caligrafia mais simétrica e fui colocando em prática em alguns roles particulares pelo bairro, criando murais meus mesmo, através fui conhecendo outros artistas, sendo convidado pra pintar em outros bairros e eventos de grafites, conheci muitos caras que eu admirava e tenho amizade até hoje, isso foi me dando experiência e já me enxergava numa outra fase, com essa experiência adquirida comecei a fazer trabalhos comerciais no qual me fez pintar pra marcas como Motorola, Sony, Hp e Jeep e isso foi tomando uma dimensão grande pintando em países como Argentina, Chile e Paraguai e estados do Brasil como Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis.
5 – De onde vem seu sopro de inspiração ?
A inspiração vem da rua sempre, mas com o tempo comecei a dar importância na energia que sentia pintando, hoje vejo que a inspiração vem da alma, do espírito algo inexplicável, algo guardado do coração que percorre o corpo entra a mente e sai pelas mãos, vem da vontade de algo criado na mente que é passada pro muro com força, energia e prazer.
6 – Quais artistas do cenário atual você admira ?
Eu admiro muitos trabalhos, acho que cada um com seu estilo e originalidade, mas as letras sempre falaram mais alto de trabalhos de artistas como Cantwo, Atom, Madc, Dare, Bates, Daim, Kems, Astro, Fisek, Asend e Does( LL ) que fazem e criam algo diferente nesse caminho da tipografia, já dos artistas nacionais curto muito diversos estilos muitos que nem letras fazem mais tem muito destaque na cena como Os Gemeos, Tinho, Smoky, Shalak, Does, Graphis, Leo dco, Ment, Belin, Smug entre outros…pessoas que se descobriram como artistas e conseguiram algo diferenciado cada um no seu estilo próprio e original.
7 – Quais cores não podem faltar no seu trabalho ?
Acho que todas (risos), uso todas, na minha visão todas tem sua importância no meu trabalho mais sempre tem umas que curto mais usar, gosto de cores fortes e quentes (amarelo, laranja, vermelho, verde, roxo, rosa e porai vai), tudo depende muito da combinação que quero fazer, cor de fundo do muro faz muita diferença pra isso, gosto de já projetar as cores que vou usar antes de fazer qualquer trabalho assim me facilita em tempo do processo, criação e paz pra fazer assim sobra tempo pra se dedicar mais aos detalhes e efeitos pra finalizar e enfeitar o mural, mas tem uma que não pode faltar que é a cor branca, faz a diferença, acho que sem ela o trabalho não tem brilho ela da o toque final que todo trabalho precisa.
8 – O que você ainda sonha em realizar com a sua arte ?
Acho a principal meta e pode sim dizer que seria um sonho é realizar uma exposição individual com um mural no local junto as telas que faço, algo que seja bem rua mesmo, quero passar algo para as pessoas que forem visitar sentissem na rua mesmo uma pegada bem grafite de rua mesmo, nada muito clichê que vejo muitos fazendo, a galeria precisa de cor com algo criado ali na parede mesmo e com telas pra complementar o espaço. Mas tem outros projetos que é pintar em outros países e poder interagir meu trabalho junto a outros artistas .
9 – Quais foram as coisas boas, que a sua arte te trouxe ?
A arte não me trouxe luxo nem milhões, mas sim trouxe muita energia pra viver e ter força pra caminhar com minhas pernas, hoje virou meu trabalho e como ela que me sustento, através do longo desses anos tive muitos altos e baixos com a arte e vida pessoal principalmente, algumas perdas, magoas e decepções, mas ela sempre esteve la presente e firme no meu pensamento não me fazendo desistir, hoje depois de tanto posso dizer que ela me salvou e me resgatou pra vida, ganhei mais na parte sentimental e espiritual do que material, creio que precisei crescer como homem e como artista pra assim com a arte ter muitas conquistas que almejo, mas de uma coisa tenho certeza me trouxe só coisas boas, vontade de viver, força, paz e claro aquele prazer de estar em algum muro ou em alguma tela expondo minhas criações e me sentindo muito bem e feliz por isso.
10 – Se você não fosse artista, qual séria o plano b ?
Acho que senão tivesse encontrado a arte em minha vida seria um simples ser humano que trabalha no que não gosta só pra garantir seu sustento e família, na verdade nunca pensei em plano B, acho as telas que faço são o tal plano b, porque antes não curtia muito pintar telas, é uma outra sintonia e diferente dos muros…consegui me descobrir como artista e depois disso tudo ficou mais fácil, acho que já nascemos com isso programado cada um com seu gosto basta descobri e se dedicar.
11 – Alguns artistas curtem ouvir músicas durante o processo criativo, com você funciona da mesma forma ? E na sua playlist o que não pode faltar ?
Ah claro, a música nos traz paz, a alegria e muita inspiração, nos projeta melhor pra criação de algum desenho, mural ou tela, bom quando estou criando no papel depende do trabalho costumo ouvir um reggae mas pra fazer algo com mais calma, processo de criação é complicado, temos que ter a mente, limpa e assim facilita, senão sai nada, criação de projetos, desenhos e outros requer uma força divina de vontade, dedicação e paz. Já nas ruas pintando letras é outra vibe outra tipo de energia, costumo ouvir rap gringo e nacional também. Depende muito, tem vez que nem ouço nada pra rola uma troca idéia com outro artista que está também no mural…mais gosto muito de rap e o que pode faltar é Racionais, MvBill, Rzo, Sabotage e etc…já dos gringos curto muito Notoruis, DMX, Nas, Rakim e Cypress Hill…tudo depende do dia e do trabalho .
12 – Deixe uma mensagem para os nossos leitores.
“A mensagem que deixo para todos que aqui leram essa entrevista e que pode conhecer de mim através das respostas a minha estória como artista é que cada um de nós temos nossa força, nossa vontade e nossa coragem, então que cada se encontre naquilo que gosta independente do que seja, não desista fácil pois dificuldades e desafios vão aparecer pra testar sua fé, mas siga com força sempre que na melhor o que é seu vai aparecer, mas se prepare com paciência e persistência que se for merecimento seu vai conquistar, de tempo pra que tudo aconteça pois na hora certa vai conseguir, com foco, luta e fé vai realizar o que quer, faça sempre com consciência o que tem vontade e o que te faz bem, faça grandes e verdadeiras parcerias pra que cada vez mais portas se abrem e te projete em degraus cada vez mais alto, seja humilde na vitória e paciente na derrota, muita das vezes o queremos só depende da gente não se perca em fugas, culpas, desculpas e desespero nada vai adiantar só vai se perder mais ainda. Gostaria de agradecer em particular ao criador Deus que me deu esse dom e talento pra fazer minha história e me dando a chance de continuar fazendo e aprendendo cada vez mais, a todos que me ajudaram e fizeram parte dessa história, vocês foram muito importantes para tudo isso, muito obrigado ao Arte sem Fronteiras pelo convite da entrevista e espero que tenha somado…muita paz, tinta nos muros e energias boas pra todos leitores, seguidores e admiradores, um forte abraço !”
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