Jessyka Florêncio mais conhecida na arte de rua como Keka Florêncio (26) é formanda em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espírito Santo. Artista Urbana desde 2009, residente na cidade de Serra no Estado do Espírito Santo. Trabalha com artesanato desde os 12 anos por influências de sua avó paterna. Segundo ela, seu interesse pela arte surgiu quando tinha entre 10 a 12 anos de idade, primeiramente por influências do seu pai e irmão mais velho. Filha de pintor letrista, cresceu vendo seu pai lidar com tintas e pincéis. Mas em 2009, com 17 anos, entrou para a cena do graffiti urbano.
Mesmo vindo de uma família envolvida com a arte, a artista informou que teve algumas dificuldades ao escolher a arte urbana como uma profissão “A princípio tive reprovação da família em relação a arte de rua, apesar do meu pai ser artista, havia um certo medo e preconceito de me ver pintando na rua com os meus amigos “ disse.
Outros obstáculos que ela teve que lidar foi a dificuldade financeira que a grande maioria dos artistas passam no nosso país, e alguns problemas de saúde que a fizeram se afastar das atividades nas ruas no período de 2014 a 2016. Keka se manteve positiva envolta as dificuldades e tirou disso algo positivo, conforme revelou em entrevista ” Foi um grande aprendizado mesmo estando afastada da cena e com dificuldades em retomar minhas rotinas normais”.
Seu estilo é voltado para o figurativo e realismo, onde busca através de suas criações de personagens femininas, retratar suas vivências, emoções e experiências pessoais ao longo do tempo. O processo criativo se dá a partir de reflexões e análises do que ocorre em sua volta. Utiliza sempre a figura das flores como parte do corpo de suas personagens fazendo alusão a sensibilidade, delicadeza feminina e ao mesmo tempo a força grandiosa que as mulheres possuem, assim como as flores representam na natureza.
“A princípio só queria aprender a fazer, dominar a técnica. Mas com o tempo fui amadurecendo minhas ideias, ideologias. Hoje represento de maneira diferente, mas em constante aprendizado. Gosto muito da representação das personagens femininas por trazerem o ar da delicadeza, da sensibilidade e ao mesmo tempo da força que a mulher carrega ao longo da vida” disse.
Seu trabalho tem uma representatividade muito forte em sua vida, para Keka suas obras são maneiras de expressar como pensa, como sente e como vê o mundo a sua volta, o que aprende com a vida e quer lançar ao mundo.
Quanto ao realismo, sua maior influência foi seu namorado, Starley Bonfim, também artista de rua. ” Ele sempre me encorajou e acreditou em meu potencial. Eu desacreditava de mim mesma quando mais nova, e iniciar com o realismo foi um dos maiores desafios que enfrentei na arte me fazendo gostar cada vez mais de desafios “ contou.
Sua maior inspiração para compor suas obras é a vida: ” Minha inspiração vem do respeito a vida humana, das sensações dos momentos, sejam bons ou ruins mas que de uma certa maneira me chama atenção pra fazer parte do meu processo criativo, das minhas experiências e observações. Sempre fui extremamente emotiva e não sabia lidar muito bem com isso. Melhor do que falar é pintar, é assim que consigo expressar o que sinto, como vejo o outro, me permitindo ser eu mesma sem me sentir prisioneira. Fico imensamente feliz quando consigo tocar o outro, com um pedacinho do que eu coloco em cada trabalho!”
No seu processo criativo, ela adora ouvir músicas, e confessa que ouve de tudo, desde Rap a um pagode das antigas, isso tudo acompanhada de uma boa xícara de café. Keka,já trabalhou como secretária e nos contou que caso a arte não tivesse dominado sua vida, secretariado seria o seu plano b para a vida profissional.
Questionada sobre os artistas de rua que ela admira, Keka contou que tem vários, mas destacou alguns “Starley Bonfim, por me encorajar a tudo. Liam Bononi por me mostrar que a sensibilidade tem um valor incalculável. Alecsander Moris, por me mostrar que a inocência é sim importante. Jonathan Emanuel, por mostrar que podemos fazer a diferença quando a gente realmente quer. Luhan Gaba por me mostrar que podemos ser quem a gente quiser ser, na hora que quisermos ser. Patrícia Krug por me mostrar que a maior força pela vida está no amor, mesmo quando somos frágeis demais para viver nesse mundo, e a Lacunha, por nos ensinar que devemos ser fiéis a arte, pois um dia arte será fiel a nós!” contou.
Mesmo a tantos anos trabalhando com a arte, Keka ainda sonha em montar e executar um projeto de artístico, onde poderá instruir e apresentar oportunidades e diversidades artísticas à todas as pessoas que amam a livre expressão. Crianças, Jovens, idosos que sofrem com algum problema causado pela dura realidade que vivemos e que pensam em desistir da vida. Keka quer ter oportunidade de passar adiante o que aprendeu e aprender com cada um. Ajudar o outro a se encontrar, a se permitir, a não desistir da vida e experimentar da arte a sua forma mais pura.
Hoje desenvolve projetos culturais em parceria com seus amigos do Coletivo F.G Crew, desde 2013. Também já trabalhou como Educadora Social em 2017 no projeto ‘’CulturArte Calasanz’’ no Centro Social São José de Calasanz, na Serra/ES.
Como é de praxe aqui no nosso site, pedimos que Keka Florencio deixasse um recadinho para nossos leitores:
Muito obrigada a todos que leram esse breve texto contando um pouco sobre meu trabalho! Agradeço ao Arte sem Fronteiras pelo convite e por abrir espaço para os artistas de diversas modalidades com o foco de propagar mais e mais conhecimento ao mostrar o trabalho do outro! Segue firme na missão que a arte salva vidas!!!
Grande abraço à todos e muita luz!
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Fonte das fotos : arquivo pessoal Instagram/Facebook
Fonte : keka Florêncio