Artista Lelin Alves, Brasileiro filho de pais nordestinos nascido em 1985 em Santa vitória no estado de Minas Gerais e criado em Ribeirão Preto no interior do estado de São Paulo. Cresceu na periferia da cidade onde em 1998 começou a andar de skate, e em seguida começou a fazer pixações, desenhista autodidata seguindo os passos de seu irmão mais velho também desenhista desde criança, logo começou a incluir desenhos em suas pixações, em 1999 conheceu outros grafiteiros da cidade e passou a dedicar seus finais de semana a arte de rua. Em 2000 começou a frequentar a casa do Hip Hop de Ribeirão Preto chamada de CH²RP e lá foi incentivado por um grafiteiro mais velho da cidade a viver de arte.
Em 2012 começou a ter seu trabalho reconhecido fora do pais, e marcou presença em algumas das principais mídias do graffiti mundial com destaque para uma entrevista na edição numero 18 da revista francesa Graffiti AllStar. Viajou de norte a sul do Brasil passando por diversas cidades dos estados de São Paulo, Rio De Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Pernambuco e também fora do pais no Chile, Equador, Alemanha e Portugal participando de eventos, exposições, palestras e workshops com destaque para sua participação na 3ª Bienal de graffiti fine art em (São Paulo 2015), exposição individual pela Galeria Lira Santiago do Chile 2016 e na Alemanha em 2017 pintura mural em Dinslaken durante o Kunst statt Leerraum e pintura da fachada da Galeria Urban Spree Berlin.
Amante da cultura Hip Hop tenta manter a essência do graffiti sem deixar de buscar a evolução, passou por diversos estilos mas se destacou com seus personagens de nariz colorido, hoje pinta letras com cores transparentes sobrepostas nos desenhos tornando seu estilo inconfundível, para olhares menos atentos a sua maneira de pintar se torna quase que uma arte abstrata. Foca na estética e combinação de cores sem colocar a mensagem como foco de criação, mas parte quase sempre de um principio do equilíbrio entre natureza e urbanidade.
Veja nosso entrevista com Lelin Alves :
1 – Todo mundo que acompanha seu trabalho deve ter a curiosidade de como surgiu seu interesse pela arte, você pode contar pra gente ?
Comecei a desenhar ainda criança influenciado pelo meu irmão mais velho, quando tinha 12 anos comecei a andar de skate e era costume na época fazer pixações geralmente de giz de sera, as vezes de spray mas era muito raro para eu e meus amigos conseguir na época(1999). Logo começamos a notar os graffitis de fundo nos videos e nas fotos das revistas de skate, e então passamos a tentar fazer com restos de tintas, e dai em diante fui me envolvendo cada vez mais com a cultura.
2 – Quem ou quais circunstâncias te levaram a investir na arte ?
Quando tinha mais ou menos 15 anos já estava muito decidido a viver da minha arte, trabalhei por um tempo como servente de pedreiro, trabalhei em uma loja de motos usadas, vendi laranjas naqueles carros que ficam anunciando com um megafone nos bairros e por ai vai…mas logo comecei a pegar algumas encomendas de pintura do tipo letreiros de comércios pintura de escolas. Depois conheci o Ton que era um grafiteiro mais velho da minha cidade (Ribeirão Preto/SP) ele me ensinou um caminho da arte que eu ainda não conhecia, foi quando eu comecei a me envolver com eventos, oficinas, workshops, exposições e comecei a me estruturar melhor passando a viver só da minha arte.
3 – Quais foram os maiores desafios e dificuldades como artista ?
Foi acreditar no graffiti em uma época onde o graffiti não era valorizado na cidade, onde até se tinha muito preconceito, e que todos acabavam desistindo e passaram a viver de outros tipos de arte como tattoo, ilustração e etc.
4 – Como foi a definição do estilo que você gostaria de trabalhar ?
Comecei com letras, depois passei a fazer personagens e cenários, e por causa dos trabalhos comerciais fiz de tudo um pouco, tudo isso foi agregando no meu estilo com o passar dos anos, hoje faço um estilo de personagem com traços que acredito ser bem próprio e procuro sempre novas formas de pintar, fiquei muito tempo focado nos personagens mas também continuei fazendo letras, depois encontrei uma forma de unir os dois fazendo letras transparentes sobre os personagens, esse passou a ser meu estilo, personagens estilizados quase sempre com técnicas de pintura translucida, acho que é isso (risos).
5 – De onde vem seu sopro de inspiração ?
Cresci em uma cidade grande em meio as culturas urbanas, mas sempre fui apaixonado por natureza, vejo a cidade como uma evolução para a humanidade mas com uma falha muito grande que é o desrespeito com a natureza, seria muito melhor se a cidade crescesse respeitando a natureza, acredito que o ser humano precisa de contato com a natureza para ter saúde física e mental. Por isso me inspiro naquela natureza que resite na cidade, aquela flor que brota nas rachaduras do concreto, o pássaro raro que aparece do nada no meio do transito e por ai vai.
6 – Quais artistas do cenário atual você admira ?
Pensando rápido aqui dos que vem na minha mente vou falar do cenário nacional, focar nos que são da minha geração e que acho que estão sempre puxando o nível. Sow, Quinho, Ikone e a galera da OTM crew adimiro demais todos, Origi, Mirage e os DAVILA tbm representam demais nos murais, Dime e Moai New Family, Vespa, Stan, Bart, Psedks, Vejam, Fhero, Edmun, DMS, Alvin, JohnyC, Guga, Soneka, Snup, tarm, Pakato, Kajaman, Viber e a crew Minas de minas, Smoke, L7m,vixe tem muitos, não da pra falar de todo mundo aqui…Does, Eco, Bigod, Binho, Os Gemeos pra não deixar passar batido esses cinco nomes da geração antes da minha que me inspiraram muito e continuam representando até hoje.
7 – O que você ainda sonha em realizar com a sua arte ?
Murais cada vez maiores é o que penso no momento, recentemente fiz minha primeira empena no chile com a altura de 4 pisos, a meta agora é um maior. Pensando na realização além da estética penso no reconhecimento como artista para ter mais espaço pra expressar minha opinião como ser humano, me estruturar pra poder mover ações sociais e fazer minha parte pra tentar transformar esse mundo em um local um pouco mais habitável.
8 – Quais foram as coisas boas, que a sua arte te trouxe ?
Amigos, saúde mental e oportunidade de conhecer outras culturas.
9 – Se você não fosse artista, qual séria o plano b ?
Sonhava em viver do skate antes do graffiti na verdade, então a arte esta sendo meu plano b (risos)…mas além desses dois sempre sonhei em ser Biólogo ou qualquer coisa que me levasse a ter mais contato com a natureza, mas infelizmente pra isso teria que passar muito tempo trancado em salas de aulas e pra isso eu realmente não tenho o dom :/
10 – Alguns artistas curtem ouvir músicas durante o processo criativo, com você funciona da mesma forma ? E na sua playlist o que não pode faltar ?
Sim, ouço musica o dia todo e isso ajuda muito na inspiração, acredito que as vezes é a musica que me leva a escolher as cores que vou usar, influencia nas expressões e até na estética do desenho. Ouço muito Rap, um pouco de Rock, Reggae e mais um pouquinho de tudo, infelizmente poucos lançamentos tem me agradado ultimamente e por isso minhas pesquisas de musica vem sendo cada vez mais para o tipo de som que originou o Rap como Soul, blues, funk, Jazz e outros estilos antigos onde a preocupação com qualidade sonora parecia ser maior.
11 – Deixe uma mensagem para os nossos leitores.
“Obrigado por lerem até aqui !” (risos)
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