Matheus Paiva Mone é um artista mineiro da cidade de Belo Horizonte. Ficou conhecido no meio artístico por ter formado a dupla Mone e Celo, a notoriedade dessa dupla foi adquirida por realizar murais com uma vasta gama de cores e com personagens da cultura urbana. Hoje o artista apresenta uma carreira solo. Vindo de uma família humilde, Mone conviveu com a violência. Testemunhou sua mãe ser vítima de agressões físicas por parte de seus companheiros, ele mesmo sentiu na pele essa realidade. “No final da minha infância para o começo da adolescência, eu já tinha passado por diversos conflitos familiares, e com meus 12 anos eu já sabia do peso de um soco de uma pessoa adulta” contou.
Apesar de não ter tido boas experiências, ele adorava desenhar e usou isso como um refúgio. “Sempre fui muito expressivo sobre tudo aquilo que me incomodava, e que ainda me incomodam. Minha mãe costumava levar meu irmão e eu para passear no centro da cidade, nesse percurso de casa para o centro, admirava a arquitetura fria da cidade e as pichações quebrando a estética da cidade” disse ele.
Mas só foi aos 16 anos que Mone, teve proximidade com o grafitti, isso aconteceu quando um artista foi contratado para fazer alguns trabalhos em uma creche onde ele ficava. Atraído pela curiosidade e admiração pelas formas e letras, passou a dedicar mais tempo ao desenho. O ano de 2005 foi decisivo para ele descobrir o que queria se tornar, encontrou dentro de si a paixão pela arte e decidiu viver essa experiência.
As dificuldades com sua decisão foram e continuam sendo muitas, assim como quase todos os artistas o início de sua carreira foi difícil, não só pelos conflitos familiares, mas por sua própria aceitação como artista e pelo grau de desafio de ser um artista negro. “Não tinha pensado nas dificuldades, nem amadurecido a ideia de ser artista, apenas me concentrava em ser verdadeiro comigo mesmo” contou.
ESTILO E TÉCNICA
Ao perguntado sobre seu estilo, Mone foi bem claro. “No atual momento estou fugindo de tudo aquilo de possa me definir, acredito que o limite é uma barreira construída por nós mesmos e o estilo é algo que não quero pra mim pelo mesmo motivo, é estranho dizer isso, porque tenho um nome artístico e possuo uma carteira de identidade, mas dentro de mim nada disso é real. Estou sempre me questionando sobre ser verdadeiro em relação ao que produzo (artisticamente falando), somos tão falhos e mentirosos e esse pensamento me fez acreditar que minhas pinturas é o momento que sou verdadeiro, onde não existe estilo ou definição” disse. Apesar de não se definir, suas obras são marcadas pelos elementos da natureza e carregadas de sentimentos. Permitindo ao expectador um passeio lúdico no universo humano. Mone procura dar ênfase aos valores humanos através da verdade de seus sentimentos, e das suas experiências de antes e depois da sua inserção no mundo artístico. Sua inspiração vem de diferentes formas, desde fotografias, filmes, cartoons, sua vida cotidiana e muito mais. Mone costuma usar todos os elementos para inspirar seu trabalho.
Mano é um admirador confesso do trabalho dos Gêmeos pela proximidade que eles tem de seu eu pessoal. Para muitos eles são uma dupla óbvia de ser admirador, mas pra ele é algo íntimo. “O que vejo neles é exatamente o que busco no meu trabalho, a honestidade de assumir o que sou, e lutar contra todas as diversidades do ego artístico. As críticas sempre foram parte de uma construção do meu caráter, mas no fim, apenas eu bato o martelo” concluiu.
PROJETOS E SONHOS
“Sonhar se tornou um paradoxo na minha vida, ainda mais vivendo em um mundo capitalista” confessou. Mone é realista a respeito dos seus sonhos, mas não permite que a realidade dura da vida limite seus sonhos. Ele sonha em poder pintar prédios na sua cidade, Belo Horizonte. “Essa é uma maneira de retribuir e agradecer por tudo que aprendi na cidade, e também demonstrar o meu amor por esse lugar, que de certa forma colaborou no molde do meu caráter” falou.
Para os iniciantes no meio artístico ele tem uma dica, confira:
“Não deixe que a opinião de terceiros seja seu guia. Você é mais do que opinião!”
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Veja mais obras do artista:
Mone e Celo
Seres – Mone – Celo
Ramar Gama Alvim e Matheus Paiva Mone
Mone e Celo e Carlos Bobi