Conheça o artista Paraibano Perfect e suas obras

PRIMEIROS PASSOS

O pessoense Marcos Cristiano, mas conhecido no meio artístico como Perfect, começou a se envolver com trabalho manuais ainda na infância através de sua maior inspiração, sua mãe. Dona Inácia foi a única responsável pelo seu envolvimento com a arte. Juntos produziram quase todo o tipo de artesanato, desde pinturas em gesso a produção de comida regional. Sua mãe, assim como Perfect, é autodidata, a necessidade foi quem os ensinou a produzir a arte das mais diversas formas.

“Numas dessas produções minha mãe começou a fazer panos de prato,  ela comprava os desenhos prontos em papelarias e com carbono passava para o tecido, ali pintava de sua forma e com seu olhar artístico, nesta época eu deveria ter de 7 a 8 anos, foi o início da minha caminhada artística, certa vez vi ela fazendo esse processo de transferência de papel carbono para o tecido e eu falei: Mãe, eu consigo desenhar isso. Ela pegou um papel e disse: Então faz pra mim ver. Neste momento em diante eu não parei mais, tentava reproduzir tudo que chegava nas minhas mãos, após um tempo ela não precisava mais comprar os desenhos, eu mesmo os fazia. Economizávamos o dinheiro de comprar os desenhos prontos, a arte já me rendia nesta época mesmo sem eu fazer a mínima ideia disso” contou.

Por sua família ser de origem humilde, Perfect nunca fez cursos ou capacitação na área. Durante sua adolescência, trabalhou no mercado público de João Pessoa como feirante e carregador, foi lá que descobriu uma banca que vendia revistas sobre desenho e pintura.  “Quando as encontrava, largava o tabuleiro de tempero ou o carro de mão do lado da barraca e me debruçava para absorver ao máximo aquele conteúdo, já que não tinha dinheiro pra comprar as revistas, meu tempo de aprendizado era curto. Quando o vendedor percebia minha presença e perguntava se eu iria levar algo, eu ficava enrolando para conseguir ler tudo que desce. Chegando em casa, tentava pôr em prática os flashes de informação que ficavam em minha memória” confessou.

Seu primeiro contato com a  arte urbana surgiu ainda na infância durante as idas à igreja com sua mãe. Percorrendo as ruas da cidade, Perfect viu jovens pendurados em um prédios, pichando. Ele lembra de ter estranhado o tipo de caligrafia que estava sendo feito e a maneira que sua mãe disse que “aquilo não era certo”.

Apesar da marginalização associada ao graffiti, Perfect se interessou pelo assunto e começou a procurar mais informações a respeito, mesmo com toda a dificuldade em ter acesso a conteúdos sobre arte de rua, seus desenhos eram seu único suporte para treinar o pouco conhecimento que adquiria através de pesquisas.

Durante um dia de trabalho catando material reciclável nos lixões do Distrito Mecânico, Perfect encontrou duas latas de tinta spray, as latas estavam quase vazias, mas foi suficiente para que ele riscasse as iniciais do seu nome. Isso foi suficiente para despertar nele a paixão pelo graffiti.

 

VIVER DA ARTE

Na escola Perfect já trabalha com sua arte, produzindo cartazes, painéis,  desenhos, mapas e pinturas de camisas para seus colegas, mas quando decidiu tornar seu trabalho profissional, sentiu dificuldade por ser muito jovem e precisar competir com artistas experientes. No entanto, mesmo passado o tempo, as dificuldades não estão mais na falta de experiência, e sim na falta de incentivo por parte dos órgãos governamentais; a desvalorização da categoria; a falta de material adequado, dentre tantos outros problemas. Mas segundo o ele, o artista se reinventa e supera as adversidades.

 

ESTILO

Talento não é o único fator que forma um artista, identidade visual é fundamental no processo de criação. Perfect descobriu isso quando começou a cursar Artes Visuais na UFPB (Universidade Federal da Paraíba), apesar de trabalhar com publicidade e propaganda, ele sentia uma deficiência em seus trabalhos. 

“Tendo acesso ao curso tive uma abertura para o campo do conhecimento da arte, campo esse que eu tinha grande ausência do saber: teórico, histórico e o conceitual. O start para a descoberta da minha identidade visual foi quando cursei uma disciplina chamada Arte Indígena, ministrada pelo professor Gabriel Bechara Filho, grande amigo e inspiração pra mim dentro do âmbito acadêmico, onde ele esmiuçava nesta disciplina as várias vertentes da arte indígena , desde a cerâmica, aos adereços ,armas, rituais, e a pintura corporal indígena, tópico este que chamou muito a minha atenção”.

Suas obras atualmente tem como base a pintura corporal indígena. Perfect tenta trazer para o seu trabalho um pouco mais sobre a cultura dos índios potiguaras. Também absorve outras referências para produzir, pois segundo ele o processo criativo e algo visceral e singular, podendo e se desconstruir e se reinventar novamente.

 

TÉCNICAS E CRIAÇÃO

Pelo fato de ter que estar sempre preocupado com técnicas padrão na sua área de trabalho, ou seja, o enquadramento, as medidas das formas, perspectiva, harmonia de cores e todos os requisitos encontrados dentro da arte comercial. Seus trabalhos artísticos buscam inverso de tudo isso. Na pintura indígena, Perfect tem a liberdade de não seguir regras de produção, e ainda assim, deixar sua inspiração trabalhar com autonomia.

Antes de começar uma obra, ele busca em fotografias bases para produzir. O curioso a respeito do seu processo criativo é que Perfect usa a fotos de amigos, familiares e conhecidos para seus esboços. Esboços prontos, ele cria sua arte sobre o desenho, inserindo sua mensagem em cada obra, o passo seguinte é tirar do papel.

 

CENÁRIO ATUAL

Perfect tem uma grande admiração por todos os artistas de rua, cada um fazendo o que sabe de melhor, mas unindo forças para representar algo maior: A arte.

“Toda vez que me deparo com mais um artista paraibano na produção da arte de rua, fortalecendo o movimento hip-hop paraibano (seja ele do graffiti ou nos outros segmentos), contribuindo com a visualidade urbana de nossa cidade, me sinto feliz e lisonjeado, pois tudo de negativo que suportei nesses mais de 20 anos como artista de rua não me enfraqueceram, pelo contrário, vivenciar isso e minha verdadeira recompensa de tudo que fiz pelo movimento. Vencemos as estatísticas” contou.

OBJETIVOS, SONHOS E CONQUISTAS

Hoje Perfect trabalha como publicitário, artista plástico, letrista, ativista cultural e o grafiteiro. Vive da criatividade em todas as vertentes. 

“Se minha arte transcender ao ponto de atingir alguém e esta pessoa se sentir melhor com aquilo, minha missão neste plano está acontecendo de forma correta, não almejo riquezas, só preciso que minha arte seja sustentável, quero poder alcançar outros horizontes e etnias buscando mais conhecimento e conteúdo espiritual, pois é o que fazemos aqui, trocamos conhecimento e vivencias”. 

A arte lhe tornou um homem livre e de boa energia, um ser de luz como costuma se intitular, Perfect se considera uma  pessoas capaz de absorver a energia das pessoas e coisas a sua volta, e com isso transportar esses sentimentos para seu trabalho. “Meu trabalho é FORTE e carrega algo espiritual, porque eu sou assim e as energias as vezes se convergem” concluiu.

DICA PARA QUEM ESTÁ COMEÇANDO

“A você que assim como eu, resiste e acredita no poder de transformação do individuo através da arte, seja ela produzida ou contemplada, veja esse ser aqui como um aliado, pois ninguém mais além de nós mesmos, sabemos a verdadeira força que este meio. Fraquejar jamais.

MÁXIMO RESPEITO!”


Mais informações sobre Perfect :
FacebookPerfect Art’s
Instagram : @marquinhosperfect
Flickr : flickr.com/photos/perfectarts

Fotos : Arquivos pessoais de Perfect (Instagram/Facebook)

Categorias
Murais
Pesquisa

Posts mais populares

error: