Os moradores de Belo Horizonte agora podem apreciar a nova obra de arte de Ed-Mun. O grafite gigantesco medindo 246,2 m² foi um marco na carreira de longa data do artista, por se tratar do primeiro grafite feito por ele na lateral de um prédio vertical e sem janelas, e por trazer inúmeros significados pessoais. Cobrindo toda a lateral do Edifício Paula Ferreira, no centro da cidade, a arte no estilo 3D, traz as letras E e D como destaque. Essas são as primeiras letras do nome dele, e também as iniciais dos nomes dos seus pais, irmãos e esposa.
Ed-mun foi convidado para realizar esse trabalho através do festival O CURA 2021, evento muito influente na cidade e conhecido internacionalmente.
“Já fazia um tempo eu tinha o sonho de pintar uma empena com letras. Eu estava acostumado com a arte horizontal nos muros. Meu primeiro desafio foi descobrir como fazer um trabalho de letras em uma empena vertical, e elaborar um conceito que combinasse com o tema do projeto, que era a arte indígena marajoara. Então, criei algo que falasse sobre comunicação através da escrita e dos grafismos, os desenhos pré-históricos e as curvas. Tentei trazer elementos anamórficos para a empena que conseguissem interagir com quem passa na rua. Minha ideia era dar a impressão aos expectadores que algo está saindo da parede. Sempre fiz a minha arte assim, com algo que vem e sai do fundo da parede. Interagindo com letras e a superfície.”
Haviam muitos fatores desafiadores para a conclusão dessa obra, desde a altura à proporção vertical, mas com a ajuda dos artistas Fhero e Tot, ele adaptou um esquema de quadricular uma ou duas linhas e pintar, como uma impressora, no sentido de ir descendo a pintura aos poucos. “Isso assustou muita gente, pois não viam marcação lá de baixo. Mas fizemos e funcionou, foi tão rápido que tivemos que desacelerar para continuar pintando nos dias de festival” contou.
A street art chegou forte nas cidades e conquistou espaços enormes e de muito destaque nas ruas através do grafite. E as empenas dos prédios também começaram a receber essas invenções de cor e estilo. Não há quem passe por uma obra como essa e não dedique alguns segundos para apreciar, o grafite é feito na rua para as pessoas da rua, e Ed-mun deseja exatamente isso, entregar trabalhos que possam ser apreciados por todos os tipos de pessoas. Além disso, o grafite com letras, precisa ser apreciado como arte. O preconceito de que letras no grafite está ligado apenas ao vandalismo precisa ser extinta.
“Às vezes eu penso que o grafite de letras é o filho que não foi pra escola, foi bagunçar na rua e lá aprendeu tudo. Aprendeu a sobreviver, aprendeu as técnicas e evoluiu. Mas a técnica que o grafite ganhou na rua é dele, é muito forte, é de fato incrível.”
Essa obra cheia de identidade fala sobre família, amor e sobre perda. É uma homenagem afetuosa a sua mãe que faleceu vítima de COVID-19, sem ver a primeira empena de seu filho.
Veja mais fotos:
Fotos: Cadu Passos @cadu_passos / Lucas Bahia @lucasbahia13 / Thiago Santos @fotothiago / @Eduardo Andrade @edsandrade
Fonte: Ed-Mun/Cura