Amanda Garcia Amaral, hoje conhecida como Lhama SP, era garota tímida e introvertida que na infância gostava de observar as coisas que via ao seu redor para tentar copiar e retratar cada observação através dos desenhos. Nascida e criada em São Paulo, conforme ia crescendo, mudava suas perspectivas e vontades. “Através de comunicação visual eu podia me expressar livremente, mas nunca tinha tido acesso a arte. Como meu irmão (Gatuno) havia começado a desbravar o mundo da arte urbana, por um convite dele, tive a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o assunto e simplesmente me apaixonei pela arte urbana. Desde então, nunca mais parei de me aprofundar sobre o assunto, movimentos artísticos, formas de expressão, movimentos voluntários e tudo que envolva desenhar.”
No começo sua maior dificuldade foi se inserir no movimento de arte urbana, já que é uma área como muitas outras, com predominância masculina. Sendo mulher e homossexual, o desafio era dobrado, conforme ela contou, muitas vezes até meio assustador, mas a arte sempre lhe trouxe tantos sentimentos e tantas vontades, que ao tempo que me sentia silenciada ou menosprezada, resistia e continuava a persistir. “Desde que descobri a arte, pintar foi uma libertação pra mim. Conforme o tempo foi passando, me senti mais forte, mais confiante e resistente, então fui querendo fincar raízes naquilo que estava desenvolvendo e sentindo. Olhar com mais seriedade e encarar a arte não só como um forma de me expressar, mas como o sentido de quem eu era e quem queria ser.”
Sendo autodidata, cheia de sentimentos, fui atrás de estudar mais profundamente para aprimorar minhas próprias técnicas, tentar encontrar equilíbrio entre sentimento e estética, para criar uma identidade que pudesse levar pra um lado mais profissional. “Desde sempre tive uma admiração muito grande pela natureza, o universo e os animais. Observar as formas, as cores, enxergar uma imensidão de significados, sabedoria e sua beleza tão natural e fluída, foi e ainda é extremamente inspirador pra mim. Como também o fato de me identificar muito com a conexão, força, instinto e a simbologia de cada ser vivo. Dentro de tudo isso, para consolidar meu estilo nas composições, criei um personagem que navega entre mundos e criações variadas, carregando sempre significados e mensagens subliminares” contou .
Seu processo criativo segundo ela é um pouco complexo. “Toda vez que eu sento para criar, é sempre um turbilhão de coisas passando pela minha cabeça. Criar e sentir sempre estão totalmente conectados, cada elemento escolhido traz sempre um significado, cada cor escolhida tem que estar em equilíbrio com o contexto da criação, sempre carregando sentimentos e mensagens que trazem o questionamento e reflexões, não somente visuais, mas principalmente o inconsciente e a subliminaridade de cada elemento dentro da criação.”
Em suas obras ela costuma usar diversos tipos de pincel e spray. Esse último recurso foi o mais difícil, mas como qualquer outra profissão, o aprimoramento vem do esforço, persistência e da força de vontade para dominar as técnicas. E isso Lhama tem de sobra, ela está sempre tentando melhorar e aprimorar o que já sabe.
Embora todas as dificuldades trabalhar e viver da arte, a arte lhe trouxe libertação. “Me libertei de diversos padrões, críticas e julgamentos, encontrei um lugar onde eu podia ser eu mesma, sem amarras e critérios, foi libertador” confessou. Com sua arte, ela pode criar um mundo onde tudo é possível e sincero, e isso mudou sua vida em quase todos os sentidos, tanto como artista e como pessoa.
Hoje seu maior sonho é viajar o mundo e deixar um pedacinho de si em cada canto, ela deseja poder trazer um pouco de alegria e cor para encantar cada lugar com uma experiência única, vivendo uma troca de energia espontânea e silenciosa, mas cheia de intensidade, sem depender de nada, além do enxergar e sentir. Isso tudo entrelaçado e fazendo parte das conquistas que vem trilhando em seu caminho. “Faço arte com intuito de ser, sentir, expressar, inspirar e reverberar de forma positiva. Ao meu ver, como as pessoas se sentem ao observar o meu trabalho é uma questão complexa e completamente relativa por vários fatores, o que torna as possibilidades praticamente infinitas, algo quase que impossível de afirmar. Mas ouvir o que elas sentem é sempre enriquecedor e gratificante, ao meu ver, essa troca de sentimentos é a parte mais legal de interagir com a arte nas ruas.”
Por isso Lhama quer levar a arte para lugares e pessoas que dificilmente teriam acesso se não fossem as ações e trabalhos voluntários. Levando arte e cultura, trazendo outras perspectivas de olhar, um pouco de esperança e inspiração para o máximo de lugares e pessoas possível. Além de ter estabilidade financeiramente com meu trabalho como artista.
Confira a mensagem que ela deixou para os leitores do ASF:
“Obrigada por admirarem meu trabalho, fico extremamente feliz e grata pela admiração de vocês. Poder trazer vivências e despertar sentimentos com o meu trabalho, cada sorriso, cada reflexão e cada energia que foi transmutada, é uma gratidão. Arte não é só beleza, é resistência, acreditem em seus sonhos e persistam, mesmo com dias de luta, terão dias de glória. O mais importante de toda caminhada é ser de coração, trilhar uma caminho que faça sentido, se faz sentido pra quem você é, acredite, persista e resista, porque sem isso a vida seria só mais uma pista.”
Contatos da artista Lhama SP:
Instagram: @lhamasp
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Fotos: arquivo pessoal da artista Lhama SP
Fonte: Lhama SP
